terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

É DE PEQUENINO QUE SE TORCE O PEPINO... VAMOS APOSTAR NA ESCOLA?

Dizem que devemos separar o trigo do joio. Pois bem, nem sempre assim o é. Parece uma incongruência que contraria aquele tão velho e conhecido chavão popular, mas talvez haja uma relação implícita. Vamos ver: o que tem a escola a ver com o Boxe Francês? A resposta é: nada. Nada porque estamos em Portugal. Poder-se-ia incluir algum tempo lectivo nas aulas de educação física para ensinar os rudimentos do Boxe Francês, ou poder-se-iam realizar algumas acções de formação (que andam tanto na moda) para a divulgação da modalidade. Mas o que é certo é que o termo boxe acaba por ser pejorativo. Mas por que tem esta conotação negativa o boxe e não o judo ou o karaté por exemplo? A resposta numa palavra será: "mentalidade", ou seja a nossa falta de abertura. E quando refiro nosso, reporto-me não só aos pais (bem vi pelos meus e por pais de amigos meus a quem sabia melhor ouvir "até logo, vou para o treino" do que "até logo, vou para o boxe"; essa foi uma barreira difícil de quebrar não foi V?) mas também ao ministério mais às suas reformas. Longe de mim querer entrar em política, mas uma reforma não é levada a cabo durante uma legislatura! Esse é o tempo que ela precisa para começar a ser assimilada. Terá depois de amadurecer para mais tarde dar frutos. Ora o que vemos é que cada governo parece sentir-se inferior se não efectuar uma reforma (na educação neste caso) face ao executivo anterior.
E porque eu também propus em mais do que uma escola (de domínio público e privado) o que já vos falei acima (e note-se que eu sou professor de História e não de Educação Física) e a resposta (das vezes que a obtive) foi sempre negativa, vou deixar uma pergunta à consideração de todos:
o que será mais perigoso aos jovens que formamos? Alargar-lhes o espectro leccionando-lhes algumas horas de Boxe Francês através de pessoas acreditadas ou ter professores substitutos sem formação nem competência a dar aulas de Educação Física deixando os alunos "brincar" com o cavalo e com os trampolins? Ainda por cima, o ministério deve achar esta pedagogia muito positiva caso nos recordemos do discurso pedante e insolente do nosso querido Sócrates que diz que os professores demoraram a reconhecer o que era o melhor para eles (imposto pelo ministério) mas que por fim perceberam que não tinham escolha e vieram dar razão ao ministério. Felizmente essa não tem sido a decisão dos tribunais e nos casos onde se recorre à justiça para pagamento das aulas de substituição como horas extraordinárias, a pasta da nossa senhora (incompetente [perdoem-me que estou a ficar mais amargo]) Maria de Lurdes Rodrigues teve de pagar aos professores como horas extraordinárias.

Infelizmente, e desde sempre, o domínio mais difícil de mudar não é, como possamos pensar, a economia ou a política, mas é a questão das mentalidades. Enquanto não aprendermos a combater este nosso estigma do que é novo, não passamos da cepa torta.

1 comentário:

Pedro da Glória disse...

Dou-me ao luxo de comentar o post de nosso amigo Marcelo.

O nome "Boxe" assusta, é tão simples como isso. Automaticamente é associado à violência (os filmes do Rocky, na minha opinião em nada ajudaram, aqueles rostos completamente destruidos após os combates...), aos arruaceiros e ao pouco nível intelectual apesar de ser denominado de Nobre Arte.
Explica-se por esta razão a nova designação de "Savate".
Judo ou Karaté, são nomes que não chocam, nem toda a gente tem conhecimentos de Japonês para saber a tradução.
Foi provado que há lesões mais graves nas modalidades ditas "sem contacto" que no Boxe Francês. Aliás há mais respeito entre atletas de modalidades de contacto que naquelas onde teóricamente apenas se toca.

Acerca de dar aulas de BF em escolas, é coisa que lá fora dão muita importância, devido aos valores de respeito e moral que se encontram na nossa arte.

Marcelo, nunca conseguiremos mudar estas mentalidades.

No entanto posso te dar um exemplo contraditório.
Em 1986, dei aulas de BF no colégio Salesiano do Estoril. Acredita que os padres do conselho directivo ficaram entusiasmados com o que se passava naquelas aulas.