quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

NOTA DA FEDERAÇÃO

SAVATE – BOXE FRANCÊS EM PORTUGAL

1. RESUMO

Esta breve nota pretende informar sobre a modalidade Boxe Francês – Savate, adiante designada unicamente de Savate, a sua implantação em Portugal, as competições existentes, a sua visibilidade na comunicação social, nacional e internacional.

O enquadramento legal e jurídico concedido pela instituição internacional, Federação Internacional de Savate – FIS, e no território nacional, Federação Portuguesa de Savate – FPS, instituições que regulamentam a prática da modalidade, são elementos a realçar neste documento. As deficiências e as necessidades que caracterizam esta modalidade desportiva compõem este breve ensaio.

2. INTRODUÇÃO

A recente criação da Federação Portuguesa de Savate, instrumento legal necessário a uma melhor implementação da prática desta modalidade desportiva em Portugal, e seu reconhecimento pelos competentes organismos internacionais, que tutelam a modalidade, constitui o argumento potenciador da obtenção de parceiros, patrocínios desportivos, necessários ao desenvolvimento desta modalidade.

A adesão ao Comité Olímpico Nacional, e a outros que se julguem pertinentes, além de elevar o reconhecimento público do Savate, ambiciona a tão almejada distinção, pela nossa parte, entre as diferentes modalidades de combate existentes em Portugal e no mundo.

Um breve percurso histórico, sobre o Savate em Portugal, pretende elucidar quais as pretensões que a FPS tem para a modalidade e os seus praticantes, sendo estes últimos a razão da existência da federação.

3. ENQUADRAMENTO FORMAL

3.1 – DO SAVATE

“O Savate é um desporto de combate, amador, em que se utilizam golpes de pés e mãos, com força controlada, dentro de regras estabelecidas pela FIS.”

3.2 – DO SAVATE COMO DESPORTO

O Savate (Boxe Francês) teve as suas origens em França, no séc. XIX, como desporto de combate. Ainda que as suas raízes remontem ao séc. XVII, como o CHAUSSON – percursor do Savate, é em 1840 que se inicia o ensino regular. Tendo como praticantes a elite cultural francesa, conhece, em virtude desse facto, um desenvolvimento exponencial. O seu ponto mais alto foi atingido nos Jogos Olímpicos de Paris como modalidade demonstração.

Goradas que foram as expectativas francesas de realizarem novamente os JO, nos quais pretendiam, novamente, introduzir o Savate, ao invés de representar um contrariedade, este episódio estimulou as competições internacionais uma vez que existem actualmente 37 países, representados na FIS, provenientes dos 5 continentes.

O seu ensino, na maior parte dos países agregados na FIS, é fomentado nas escolas do ensino básico, nas quais ocorre competição.

3.2.1. – DA COMPETIÇÃO

A competição a nível internacional compreende o Campeonato do Mundo de Assalto, Campeonato do Mundo Combate, Campeonato da Europa de Assalto Campeonato da Europa de Combate, Torneio do Mediterrâneo, Campeonato do Mundo Universitário.

Estas competições realizam-se por assalto, nas variantes ASSALTO (técnico de potência controlada) e COMBATE (O KO é permitido). Realiza-se sempre, em simultâneo, a variante masculina e a feminina.

Os campeonatos do Mundo e da Europa são bianuais, desencontrados, de modo a todos os anos ocorrer competição. O torneio do Mediterrâneo e o campeonato universitário é anual.

4. ENQUADRAMENTO ESPECÍFICO

4.1. – DO SAVATE EM PORTUGAL

4.1.1. – DO HISTÓRICO

No início dos anos 80, com o regresso a Portugal de emigrantes provenientes de França, o Savate começa a dar os primeiros passos na linha do Estoril, mais exactamente na Parede, no edifício dos Bombeiros Voluntários. Assume lugar de destaque, nesta primeira fase, o atleta Pedro Glória ainda hoje o atleta mais habilitado no nosso país.

Já anteriormente existem registos da prática, alguns casos isolados e efémeros, que não vingaram.

Ultrapassando a centena de praticantes, verificou-se a existência de estágios nacionais/internacionais e competições com a mesma amplitude geográfica, sempre a nível de clubes, uma vez que a inexistência de uma estrutura federativa inviabilizava a representação do país.

Ocorrendo ininterruptamente o seu ensino, e de modo esporádico, a vertente competição, a sua amplitude espacial aumentava. Sintra, Pêro Pinheiro, Magoito, Oeiras, Parede, Cascais, Vila Nova de Gaia, Porto, Caminha, Felgueiras, Albufeira, Coimbra são actualmente os locais, do nosso conhecimento, onde a prática do Savate está regulamentada e supervisionada pela Federação Portuguesa de Savate.

4.1.2 – FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE SAVATE

Criada no ano de 2005 representou o passo, em nossa opinião e comprovado por factos recentes, fundamental no desenvolvimento desportivo e administrativo da modalidade.

Decorrente de contactos estabelecidos entre o núcleo de Sintra e a Federação Francesa de Savate Boxe Francês e Desportos Associados, que culminou com a deslocação a Portugal de dois elementos da supracitada federação, a saber Joel Duhmez e Victor Sebastião.

Avaliado o panorama nacional, nas palavras dos próprios, foi manifestada admiração pela qualidade técnica dos praticantes, mormente as condições de trabalho existentes.

Surgiu desde logo a possibilidade da criação de uma federação desportiva que possibilitasse o intercâmbio desportivo entre os nossos países, bem como o convite para uma deslocação a França para realização de estágio. Este concretizou-se em Abril de 2006, em Carcassonne – Trebes, com a presença de 16 elementos, a pretexto da realização das ½ finais do campeonato francês de elite.

Concretizado o processo administrativo, referente à FPS, com a publicação dos estatutos em Diário da República, seguiu-se a eleição dos cargos federativos, de modo a tornar efectiva/eficaz a federação.

4.1.3 – DA COMPETIÇÃO

Portugal esteve presente, pela primeira vez, no Campeonato do Mundo de Assalto realizado em Setembro, em Paris. Os atletas foram seleccionados após um torneio realizado em Paços de Ferreira, que consagrou esse objectivo. Foram seleccionados 6 atletas, completando a comitiva dois dirigentes/treinadores.

Portugal obteve uma honrosa Medalha de Bronze, na categoria masculina, em +89 kg, entre 37 países.

Tal feito convenceu os franceses das qualidades lusas, que convidaram a FPS a um encontro França – Portugal, a realizar em Fevereiro em Paris. Escusado será de dizer que respondemos afirmativamente a este convite.

* Da presença portuguesa constavam atletas femininos, que viram goradas as suas expectativas devido a acidente rodoviário.

4.1.4 – DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

A presença do Savate em Portugal tem-se manifestado, no âmbito nacional, na comunicação de cariz regional, jornais e rádios, e, no âmbito internacional, nos programas Eurosport e vários jornais e revistas desportivas, de que nos foi dado conhecimento.

A Medalha de Bronze despertou, internacionalmente, a consciência sobre a qualidade do trabalho português, que no próximo mês terá tempo de antena na Rádio Alfa e televisão francesa.

A televisão da Ucrânia filmou o estágio, por nós, realizado em Carcassonne, para divulgação da modalidade, no seu país e Rússia.

5. – CONSIDERANDOS CONCLUSIVOS

5.1 – DOS CRÉDITOS

a. A FPS é uma entidade legalmente constituída, membro da FIS.

b. A amplitude, geográfica/espacial, da prática da modalidade compreende Portugal Continental.

c. O Savate é uma modalidade amadora.

d. Os praticantes compreendem um largo espectro etário (10 – 55 anos)

e. Os seus monitores estão credenciados pela Federação Internacional de Savate.

f. A FPS tem como rendimentos a cotização dos seus associados.

g. Os responsáveis/titulares de cargos federativos não auferem de remuneração.

5.2. – DAS INSUFICIÊNCIAS

a. A falta de material, para esta prática desportiva, em Portugal é real. É procedimento usual, a importação deste material que inclui luvas, botas e integral (fato).

b. A FPS não possui qualquer tipo de equipamento/indumentária, alusivo/a ao país, indispensável à representação internacional (tal facto poderá ser comprovado no anexo fotográfico). O nosso logótipo encontra-se registado.

c. Os encargos resultantes das deslocações internacionais são assegurados pelos atletas.

5.3 – DA CONCLUSÃO

Esta apresentação teve, pela nossa parte, o objectivo de revelar a realidade do Savate – Boxe Francês, em Portugal e um pouco no mundo. As suas deficiências e as suas mais valias/virtudes, do ponto de vista de um patrocinador desportivo.

Referimos o carácter voluntário não remunerado dos dirigentes federativos, pois como é conhecimento geral, têm sido problemas financeiros que minam, minaram e hão-de minar o associativismo desportivo. A título, meramente, informativo refere-se que os responsáveis pela FIS não auferem salário.

O âmbito territorial da prática do SAVATE é um factor a preponderante, pensamos nós, na decisão de um patrocinador, perspectivando o desenvolvimento que a modalidade atravessa.

A mentalidade/comportamento de não-violência, com consequente recusa de praticantes/atletas que não cumpram estes requisitos, é uma condição indelével da FPS.

Com os melhores cumprimentos, coloco-me à sua disposição para qualquer tipo de esclarecimento.

Álvaro Terezo*

Presidente da Federação Portuguesa de Savate

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