terça-feira, 6 de novembro de 2007

NOTA DO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO

Campeonato da Europa de Boxe Francês Savate – Assaut – 2007, Bélgica (Tournai)

O campeonato da falácia

Nos dias 2 e 3 de Novembro decorreu na bonita vila de Tournai, Bélgica, o Campeonato Europeu de Boxe Francês Savate na variante Assaut (técnico).

Portugal esteve representado pela Federação Portuguesa de Savate, com os atletas vencedores do Campeonato Nacional Técnico. Não todos, infelizmente, porque à última hora houve uma desistência. Este tipo de situação revela irresponsabilidade da parte de quem pensa que vestir a camisola de Portugal, no estrangeiro, é algo de somenos importância.

Os atletas deslocaram-se à Bélgica suportando as despesas da deslocação, um sacrifício demonstrativo do apreço que o Savate e Portugal representam para eles.

Para que a representação nacional pudesse colocar o nome de Portugal no pódio, foram necessárias horas de trabalho, exigente, em condições precárias. Os elementos da selecção nacional só estabeleceram contacto, uns com os outros, no próprio campeonato.

Tal facto não diminui nem as pretensões, nem a vontade dos atletas triunfarem.

Após o início do campeonato e o começo da prestação dos portugueses, porque era a esses que a nossa atenção se voltava, foi com algum espanto que começamos a observar comportamentos impróprios para uma competição desta natureza. Árbitros que desconheciam os regulamentos, arbitragens extraordinariamente tendenciosas, juízes com diferentes critérios de avaliação/pontuação, em choque com os regulamentos do Boxe Francês Savate, conforme estipulado pela Federação Internacional de Savate.

Estes factos não se verificaram só contra Portugal. De um lado a Europa do outro a França.

Custa-me dizer desta forma, mas o que assistimos foi uma VERGONHA.

Essa vergonha ficou expressa nos protestos realizados por Portugal, Polónia, Sérvia, Rússia, Eslovénia e outros que não me lembro.

Os protestos foram de cariz oral e escrito. Lembro que os protestos, escritos, deverão ser efectuados em francês.

A forma como decorreu o campeonato, na minha opinião, contribui para que o Boxe Francês Savate, Assaut, não tenha argumentos válidos para continuar como modalidade. E porquê?

Contrariamente à definição do BF Savate, “…modalidade desportiva de combate que utiliza os golpes de mãos e pés…”, assistiu-se a uma competição em que era quase proibido a troca de golpes de mãos e os atletas que os executavam eram advertidos ou o combate interrompido. Abro uma excepção para dois ou três ARBÍTROS, no verdadeiro sentido da palavra, que tendo sido praticantes de alto nível da modalidade permitiam e valorizavam a troca de golpes mãos/pés com um nível de impacto considerável.

Mas porquê a designação, por mim atribuída, de Campeonato da Falácia?

Simples. Todos os atletas que pudessem constituir adversários de relevo para os atletas franceses foram eliminados das mais diversas formas. Não me vou pronunciar sobre desqualificações por excesso de advertências (três dá origem a desqualificação) que ocorreram com atletas russos, eslovenos e de outros países. Vou-me só dedicar aos nossos atletas.

A prestação geral foi brilhante. Dos seis atletas em competição, cinco masculinos e um feminino, quatro passaram a fase de grupos eliminado os seus adversários.

A atleta feminina, Sara Flores (65-70 kg), em três combates obteve três derrotas. Uma real, duas por encomenda.

O Bruno Sousa (70-75 kg) obteve uma vitória e duas derrotas. Teve uma excelente prestação.

O Joaquim Ferreira (75-80 kg) derrotou brilhantemente os seus adversários, sendo eliminado nos quartos de final numa decisão que poderia tender para os dois lados.

O Paulo Silva (65-70 kg) e 39 anos, desculpa lá Paulo, foi VERGONHOSAMENTE eliminado, pelos juízes, por um simpático atleta inglês que é o medalha de prata do Campeonato do Mundo de Boxe Francês Savate, Assaut, 2006, Paris. Tendo triunfado em todos os assaltos, obteve como prémio a derrota. Eu sei que a Inglaterra vai organizar uma competição internacional de relevo de BF Savate, mas não tem que ser o Paulo a contrapartida.

O Leonel Soares (80-85 kg) foi fantástico ao longo de toda a prova, eliminado os seus adversários sem dificuldade. Só o atleta francês revelou capacidade para o parar. Capacidade real, sem ajudas de terceiros. Mas com menos um combate que o Leonel. Porque será?

Leonel conquistou o brilhante feito de obter a medalha de Bronze na sua categoria.

O Nelson Vicente (+ 85 kg), 103 kg na realidade, é o cerne principal da questão.

Tendo que efectuar cinco combates num só dia, venceu quatro por unanimidade dos juízes, conquistando o seu lugar na final frente ao atleta francês.

A final, tal como todas as outras, foi disputada em 3X2’’.

Nelson venceu todos os assaltos, com grande superioridade, tendo sofrido uma advertência, pronunciada, contra duas do seu oponente.

Ao longo do combate utilizou golpes de mãos pés, contra os, só, golpes de pés do seu adversário.

Terminado o combate era natural a sensação de vitória que a assistência e a equipa técnica francesa viam sorrir ao atleta português. A medalha de ouro e o título de Campeão Europeu estavam conquistadas.

Não é fácil descrever a sensação que emanou da decisão dos juízes, transmitida pelo Delegado Oficial, da vitória por maioria atribuída ao atleta francês. O choque foi grande para a assistência que vaiou longamente a decisão, para o Nelson e restante comitiva portuguesa e principalmente para o atleta francês e sua equipa técnica que não estavam a acreditar no que estava a acontecer.

Não lamento ter perdido a cabeça, após a decisão pronunciada, que teve como consequência umas cadeiras pontapeadas pelo ar, mas um cumprimento desportivo ao atleta francês que a única culpa que teve foi de não ter arte para vencer o Nelson.

Foram cometidas várias ilegalidades, durante o combate, como a não designação do árbitro português, para juiz do mesmo, para a qual não foi dada qualquer explicação.

As ilegalidades e a irracionalidade da decisão motivaram um protesto escrito, da minha parte, em tom bastante agressivo, mas nas normas da boa educação.

Para o cúmulo, Gilles Le Duigou, Presidente da Federação Internacional de Savate, vendo a nossa indignação e o desespero, abordou-nos com a informação que o Nelson havia ganho o combate, pois ele tinha conversado com os juízes e que essa fora a informação transmitida. Independentemente de ter assistido ao combate e ser essa a sua convicção.

Após isto, que fazer.

Da minha parte dar os parabéns aos atletas portugueses, ao António e ao Paulo que contribuíram também para este sucesso e que eram parte da comitiva nacional.

Nunca nos submeteremos a decisões que não respeitem a verdade desportiva.

E essa verdade foi escamoteada.

Confesso que fiquei sem vontade de continuar.

Não consegui assistir à entrega da medalha de prata ao Nelson, com medo de chorar de raiva.

Obrigado à Sara, Bruno, Joaquim, Paulo Silva, Leonel, Nelson, Paulo e António.

Portugal foi dignificado, e isso é o mais importante.

1 comentário:

Anónimo disse...

Engraçado... eu vou ao site da FPS e não consigo obter informações de jeito: quem faz parte da direcção? Que campeonatos se vão desenrolar? Quem representa Portugal, quem são os atletas? E agora este protesto que nem assinatura tem nem se encontra no site da FPS!!!! Foi pena a Federação Portuguesa de Savate nem se ter dado ao trabalho de divulgar este campeonato, nem os nomes dos atletas, nem os resultados... Quem dá a cara? Quem é a Federação?! Há muito a repensar e muito a trabalhar para construir uma Federação com F grande, com atletas unidos quer sejam do Norte, quer sejam do Centro, quer sejam do Sul, todos são portugueses... dou os parabéns aos atletas e comitiva que tudo fizeram para dar o seu melhor pelo Savate! A Federação... parece q nem existe... desculpem a frieza!